Os candidatos presidenciais continuam devendo. Qual a estratégia de José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva, por exemplo, para enfrentar a multiplicação do narcotráfico e a crescente utilização das drogas, agora mais estendidas às camadas menos favorecidas? Não vale ficar criticando ou defendendo a Bolívia e seu presidente Evo Morales.
Seria preciso que tucanos, companheiros e verdes dispusessem de um roteiro de ação, a ser desenvolvido nos primeiros dias do governo de quem vencer. Ação policial implacável? Campanha educativa imediata? Centralização do combate aos bandidos no plano federal? Colaboração efetiva e financeira com estados e municípios? Responsabilização maior dos usuários, inclusive penal? Investimentos em centros de recuperação espalhado por todo o país? Cooperação ampliada com organismos internacionais e em especial americanos e europeus?
Essas e quantas outras políticas de atuação imediata precisavam estar sendo conhecidas e debatidas pelos candidatos, em se tratando o narcotráfico de um dos maiores males da atualidade.
Mas o que dizer da violência, isto é, da segurança pública? Anunciar a criação de um ministério específico para enfrentar a questão é pouco, na medida em que faltam informações sobre sua estrutura e seus objetivos.
Como e em que termos promover a reforma tributária e a reforma política? Manter a reeleição e os mandatos presidenciais em quatro anos ou acabar com ela e estender os períodos para cinco ou seis anos? Como viabilizar a transformação do pré-sal de sonho em realidade? Ampliar ou reduzir o projeto do etanol, enquadrando ou liberando a atividade dos usineiros? Manter as facilidades concedidas a centenas de igrejas empenhadas em aumentar o volume de doações recebidas, sem pensar na tributação válida para empresas comerciais?
Não tem fim o monte de interrogações que os pretendentes ao palácio do Planalto estão devendo ao eleitorado, em meio aos foguetes das festas de São João.
Permanece ou sai de cena
No caso da vitória de José Serra não se duvida de que quinze minutos depois de conhecido o resultado das urnas o presidente Lula assumirá o comando da oposição. Estará posicionado para concorrer às eleições de 2014 e ninguém tirará dele a condição de fiscal maior do governo tucano.
No reverso da medalha, porém, qual será a posição do primeiro-companheiro? Terá escrúpulos de funcionar como pólo aglutinador das iniciativas maiores do governo Dilma Rousseff? E a nova presidente, como reagirá diante da presença do criador? Manterá parte do atual ministério, mesmo atenta à lição secular de que não se deve nomear quem não se pode demitir? Optará pela formação de uma equipe pretensamente dela, com atenção especial para a goela aberta do PMDB?
Parece fora de questão o aproveitamento do já então ex-presidente Lula em algum organismo internacional. Primeiro porque não quer, depois pela falta de condições, em função de nossa postura diante do Irã. Aquilo que Fernando Henrique Cardoso não conseguiu por falta de apoio interno, Luiz Inácio da Silva também não conseguirá, por ausência de respaldo externo. Condenado a permanecer por aqui, encontrará forças para permanecer entre o apartamento de São Bernardo e o do Guarujá?
Seria preciso que tucanos, companheiros e verdes dispusessem de um roteiro de ação, a ser desenvolvido nos primeiros dias do governo de quem vencer. Ação policial implacável? Campanha educativa imediata? Centralização do combate aos bandidos no plano federal? Colaboração efetiva e financeira com estados e municípios? Responsabilização maior dos usuários, inclusive penal? Investimentos em centros de recuperação espalhado por todo o país? Cooperação ampliada com organismos internacionais e em especial americanos e europeus?
Essas e quantas outras políticas de atuação imediata precisavam estar sendo conhecidas e debatidas pelos candidatos, em se tratando o narcotráfico de um dos maiores males da atualidade.
Mas o que dizer da violência, isto é, da segurança pública? Anunciar a criação de um ministério específico para enfrentar a questão é pouco, na medida em que faltam informações sobre sua estrutura e seus objetivos.
Como e em que termos promover a reforma tributária e a reforma política? Manter a reeleição e os mandatos presidenciais em quatro anos ou acabar com ela e estender os períodos para cinco ou seis anos? Como viabilizar a transformação do pré-sal de sonho em realidade? Ampliar ou reduzir o projeto do etanol, enquadrando ou liberando a atividade dos usineiros? Manter as facilidades concedidas a centenas de igrejas empenhadas em aumentar o volume de doações recebidas, sem pensar na tributação válida para empresas comerciais?
Não tem fim o monte de interrogações que os pretendentes ao palácio do Planalto estão devendo ao eleitorado, em meio aos foguetes das festas de São João.
Permanece ou sai de cena
No caso da vitória de José Serra não se duvida de que quinze minutos depois de conhecido o resultado das urnas o presidente Lula assumirá o comando da oposição. Estará posicionado para concorrer às eleições de 2014 e ninguém tirará dele a condição de fiscal maior do governo tucano.
No reverso da medalha, porém, qual será a posição do primeiro-companheiro? Terá escrúpulos de funcionar como pólo aglutinador das iniciativas maiores do governo Dilma Rousseff? E a nova presidente, como reagirá diante da presença do criador? Manterá parte do atual ministério, mesmo atenta à lição secular de que não se deve nomear quem não se pode demitir? Optará pela formação de uma equipe pretensamente dela, com atenção especial para a goela aberta do PMDB?
Parece fora de questão o aproveitamento do já então ex-presidente Lula em algum organismo internacional. Primeiro porque não quer, depois pela falta de condições, em função de nossa postura diante do Irã. Aquilo que Fernando Henrique Cardoso não conseguiu por falta de apoio interno, Luiz Inácio da Silva também não conseguirá, por ausência de respaldo externo. Condenado a permanecer por aqui, encontrará forças para permanecer entre o apartamento de São Bernardo e o do Guarujá?
Texto de Carlos Chagas
2 comentários:
Grandes temas se tornam irrelevantes quando a política se torna um fim em si mesmo.
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