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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Artigo polêmico de um decano do jornalismo


Lula criticando em massa a campanha de Dilma, seus coordenadores, a própria candidata que inventou e rebocou até aqui. Retumbando no Planalto-Alvorada: “Derrotei todos os meus adversários, agora tenho que salvar incompetentes”. Possível vitória de Serra, assimilável por Lula?

Helio Fernandes
Antes do episódio da bolinha de papel que saiu de sua cabeça, e “bateu” na cabeça do Serra, o presidente só tinha um assunto, que ruminava todos os dias: “Derrotei todos os adversários, limpei o Senado para a Dilma não ter problemas”.
E citava principalmente os três senadores (alguns deles) contra os quais se jogou ardorosamente. São ou eram, Artur Virgilio, Jereissati, Mão Branca. E se “orgulhava” de ter contribuído para levar ao Senado “parlamentares fiéis, que ajudarão Dilma a governar”.
Esqueceu das muitas derrotas, até mesmo no Senado. No Rio Grande do Norte, fez tudo para derrotar Agripino Maia, não se lembrou. Mas coloca na sua conta a reeleição de Renan Calheiros, “grande amigo, que estará sempre na minha relação, será o que quiser no meu governo, perdão, da Dilma”.
Lula fala, completa: “Renan já foi Ministro da Justiça, pode voltar”. Como não conversa com ninguém, (tem o mesmo prazer de FHC, falar em frente ao espelho) não sabe que Renan quer muito mais do que isso. Lógico, além dos apadrinhados, principalmente na importantíssima Transpetro, potência no esquema Petrobras.
No Amazonas, Lula não queria apenas derrotar Virgilio. Outro item importante era fazer governador, seu ex-ministro duas vezes, Alfredo Nascimento. Com isso, teria mais um governador e, na sua vaga no Senado, seria efetivado por 4 anos, o amigo João Pedro. O ex-governador Eduardo Braga ganhou tudo, fez o governador, Lula brigou com ele, chamou-o de INGRATO.
Só que agora o GRANDE ADVERSÁRIO se chama Aécio Neves, que considerava, fora do PT, um dos maiores amigos. (Lula está crente que no PT, todos são seus amigos). E que vai ganhar de Aécio em Minas, cita até a vantagem eleitoral: “Dilma terá 1 milhão e 300 mil votos a mais do que Serra”.
Tudo isso não pode ser rotulado como ódio, é, digamos, ressentimento por não ter conseguido o terceiro mandato. Decepção por ter que deixar o governo, e se igualar a FHC. “Sofre” quando falam, “Lula é igualzinho a FHC na entrega do patrimônio brasileiro”. FHC DOOU, Lula ratificou a DOAÇÃO. Disso não se livra, a palavra certa é, se envergonha.
Lula não teria mais a tranquilidade de antes, tem receio, a palavra é MEDO, estou amenizando. Considera, pelo que vem ouvindo, que há muita gente que ficou 8 anos sendo humilhada, preterida e esquecida, e agora só pensa em vingança, vá lá, em RECUPERAÇÃO.
Pelo quem me dizem, com segurança, Lula não tem a menor preocupação com o domingo, dia 31 de outubro. O que o assusta é o dia seguinte, (perdão, 48 horas depois) 2 de novembro, Dia dos MORTOS.
E se a candidata-poste inventada contra o próprio PT, resolver relacioná-lo com saudade nesse dia triste e melancólico? Isso atormenta Lula, já deixou bem claro que não suportaria o silêncio do triplex de São Bernardo? Nem vou dar exemplos de personagens que assumiram por causa dos padrinhos e se livraram logo deles?
***
PS – Lula não tem nenhuma segurança a respeito da vitória da sua candidata. Mas todas as dúvidas em relação à sua participação nesse governo. Pode parecer assombroso e inexplicável, o comportamento de Lula no episódio da bolinha de papel.
PS2 – Lula tem atacado duramente Dilma e todo o PT no caso da bolinha. E diz, sem fugir um milímetro da arrogância de sempre: “Eu salvei vocês do desastre, atraí todos os ataques para cima de mim, deixei vocês inteiramente afastados de tudo”.
PS3 – Mas do próprio reduto de Lula, surgem críticas duras a ele, e aCONSTATAÇÃO, que nem seria surpreendente, duvidosa, estapafúrdia ou acintosa.
PS4 – Lula não choraria uma lágrima pela DERROTA de DILMA, e a conseqüenteVITÓRIA de Serra. Nada que não possa ser explicado facilmente.
PS5 – Entre o governo Dilma sem a sua PARTICIPAÇÃO, e um possível ou suposto (com a sua manifestação velada, mas aceita) governo Serra, considera que para o seu futuro, (de Lula) a eleição de Serra de maneira alguma um desastre.
PS6 – Com a vitória de Dilma, pensando (?) bem, quais os que poderia considerar ou chamar de AMIGOS? Pode ser hipótese, decisão que não parece atrapalhar a cabeça de Lula. Falta só uma semana.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Parceiros da DOAÇÃO da Petrobras


Helio Fernandes
Estava demorando a trazerem a Petrobras para o centro das divergências entre os presidenciáveis. Vou provar que tanto Dilma quanto Serra faltam com a verdade, mistificam, deformam e fazem maquiagem com os fatos, tentando conquistar o voto do cidadão.
Antes de mais nada é preciso chamar a atenção do cidadão-contribuinte-eleitor, para a tentativa geral e instransferível de rotularem a entrega do patrimônio brasileiro como PRIVATIZAÇÃO. Quando na verdade o que aconteceu foi totalDOAÇÃO. Esta é a palavra correta e lamentável.
Embora seja sempre contra o que identificam como PRIVATIZAÇÃO, em alguns raríssimos casos posso admiti-la, por circunstâncias. Mas DOAÇÂO, é a transferência do patrimônio brasileiro, sem receber nada em troca, que foi o que aconteceu. Para explicar e explicitar mais ainda: FHC criou o que se chamou de MOEDA PODRE, que era contabilizada por UM CENTÉSIMO DO VALOR DE FACE.
Títulos públicos e ações de empresas que estavam MORTAS e ENTERRADAS há não sei quantos anos, eram recebidos pela Comissão de Desestatização, seus membros hoje RIQUÍSSIMOS e com total impunidade. Já pedi pela CPI há não sei quantos anos, jamais aconteceu. E não acontecerá nunca, com o PSDB voltando ao governo (não voltará) ou o PT se mantendo. (O que é análise e interpretação dificílima de fazer agora).
Vejamos então a participação dos dois presidenciáveis na Petrobras de HOJE, na de ONTEM e na de AMANHÃ. FHC queria incluir a Petrobras no quadro deDOAÇÃO geral. Precisava atender a essa exigência, que vinha desde os tempos do “Consenso de Washington”, e depois dos “DIÁLOGOS”.
Mas como FHC era insano, insensato mas inoperante, recuou, teve medo da repercussão certamente devastadora. Decidiu então, com total conhecimento e consentimento de Serra (o ministro mais importante do seu governo), MUTILARa Petrobras, fingindo que ela era totalmente do governo, quer dizer, do povo brasileiro.
Aprovou então o Decreto Lei 9478, que criava as LICITAÇÕES. Traduzindo: a Petrobras era obrigada a fazer esses LEILÕES-LICITAÇÕES, os globalizantes “compravam” os melhores setores (poços), onde estavam localizadas montanhas de petróleo.
Houve alguma revolta. FHC, que controlava inteiramente o que chamei logo deJORNALISMO AMESTRADO, não foi atingido. Garantiu que a Petrobras estava e continuava intocável, o que ACABARA FORA O MONOPÓLIO, QUE NÃO ERA BOM PARA O PAÍS. E tudo ficou sem contestação.
Perdão, a maior contestação veio da parte de Dona Dilma, que embora não fosse ainda poderosa, queria se manifestar contra as LICITAÇÕES-LEILÕES. Foi aconselhada pela direção da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobras) “No momento não temos formas para nada, e os  primeiros LEILÕES têm pouca importância. A partir do SEXTO é que atingem fundamente o patrimônio e as reservas do Brasil”.
Dona Dilma ficou mais calma, mas temos que lembrar que sua posição era legítima, na época nem se falava ou se imaginava que SURGIRIA o PRÉ-SAL. Escrevi então na Tribuna de papel, que FHC OBRIGAVA A ENTREGA DO PETRÓLEO que ainda não tínhamos, agíamos como se fôssemos POTÊNCIA de petróleo. Não havíamos nem atingido a exploração de petróleo para nossos gastos, o que chamavam de AUTOSSUFICIÊNCIA.
Quando chegou a hora da SEXTA LICITAÇÃO-LEILÃO, Dona Dilma já estava no Poder e MUDARA INTEIRAMENTE de posição. A AEPET procurou Dona Dilma, “agora é a hora de agir”, ela tergiversou, (que palavra, mas não há outra) já havia mudado de “rumo e orientação”, não houve o menor protesto, as grandes distribuidoras de petróleo ganharam tudo.
Perplexidade, a própria AEPET não entendeu o que acontecera, o que fazer? Quem tentou fazer foi o governador Roberto Requião. A Procuradoria Geral do Paraná entrou no Supremo com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) para anular o amaldiçoado Decreto 9478.
O presidente do Supremo era Nelson Jobim, que rasgara a Constituição de 88 (e confessara), que recebeu um telefonema de Dona Dilma, pedindo para que “a ADIN do governo do Paraná não fosse aprovada”. Essa ADIN já ganhava de 4 a 0, Jobim levantava um dedo, o Ministro Eros Grau pedia vista, que foi o que aconteceu. Levou meses com o processo, a ADIN perdeu por 7 a 4, Dilma e Jobim festejaram.
Durante TODO O GOVERNO LULA, de cujas entranhas surgiu a presidenciável Dilma, que não tinha história alguma no PT, o 9478 ficou inatingível. (Antonio Santos Aquino já disse desde a Tribuna impressa e tem repetido aqui: “Dona Dilma foi infiltrada dezenas de anos no PDT de Brizola, foi para o PT levando muita gente com ela”).
***
PS – Agora Dilma e Serra garantem o que coloquei no título destas lembranças, e ainda se COMPROMETEM EM DEFENDER A MAIOR EMPRESA DO BRASIL.
PS2 – FHC vai mais longe no abuso da “MENAS” verdade, e sem o menor constrangimento, afirma: “Perdi uma cátedra por ter defendido a Petrobras”. Ha!Ha!Ha!
PS3 – Não há como acreditar nem em Dilma nem em FHC (Serra). Se ANTESderrubaram e DOARAM o petróleo que ainda não tínhamos em grande quantidade, por que acreditar no DEPOIS?
PS4 – A resposta de Dona Dilma, lógico com o aval de LULA: “Vamos começar a explorar o PRÉ-SAL imediatamente, antes do segundo turno. Tolice, nem sabem como chegar ao PRÉ-SAL em alguns anos, como chegarão em alguns dias?

domingo, 17 de outubro de 2010

Para trás é que se anda


JANIO DE FREITAS 

Para trás é que se anda

A exigência religiosa volta a submeter a política; a responsabilidade não é apenas do radicalismo em nome da fé mas também dos candidatos


A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL degenera de vez. O passado retorna, sem cuidar nem sequer de disfarçar-se.
A exigência religiosa, legítima para os possuidores de crença, ultrapassa-os e volta não só a submeter a política em seu nível mais alto de participação democrática, que é a escolha pelo voto geral do futuro governante de toda a nação. Esse movimento vai também contra a liberdade de pensamento, na ação para impedir a opção política e cultural de candidatos e dos eleitores não religiosos ou religiosos sem extremismo. Mas a responsabilidade pelo retrocesso não é só do radicalismo político em nome da fé cristã. É também dos candidatos.
José Serra está a um passo de reproduzir atos e fases deploráveis, parte das quais vitimaram a ele próprio. Sua oferta de compra da adesão eleitoral -com promessa de aumento extra do salário mínimo, duplo aumento das aposentadorias com o salário mínimo e acréscimo específico, doação de dinheiro federal a mais de quatro mil municípios para aumentarem os professores do fundamental -segue duas matrizes notórias do populismo: Adhemar de Barros e Orestes Quércia. E depara-se com uma interrogação: onde ficam a defesa inflexível do "rigor fiscal", tese permanente de José Serra, e suas persistentes acusações ao atual governo de gastos e aumentos excessivos? O velho populismo reanima-se.
O "santinho", semelhante a cartão de crédito, que José Serra começou a distribuir na sexta-feira, em uma espécie de comício com professores de São Paulo, traz, de um lado, a sentença "Jesus é a verdade e a justiça", seguida da assinatura de José Serra. Mas não só: tem a combinação das imagens de Jesus e do próprio Serra. Na outra face: "Serra é do bem".
A biografia de Serra inclui um colar de disputas eleitorais, em perto de 25 anos. Em nenhuma delas, porém, o cristianismo do candidato se mostrou, nem Jesus, Deus e Maria foram feitos personagens de sua busca de votos. O nível político não cai sozinho: cai levado por pessoas.
Quem não está com Serra não é do bem, é a sugestão da sua carteirinha de associado a Cristo. Tal como os que não professavam, antes do golpe, posições conservadoras, eram (ou são) nacionalistas, ou defensores da Petrobras e de reformas estruturais. Todos "perigosos comunistas", gente do mal, negadora de Deus. Fase que tanto custou ao país superar. E que a caravana comandada em Goiás por Serra, ostentando e beijando um terço, lembrou como imitação da Marcha com Deus pela Família e a Liberdade, puxada em Rio e São Paulo pelo reverendo da CIA, padre Payton, nos preparativos finais para o golpe.
Serra não precisa desses recursos. Como não precisava da campanha do medo em 2002, com a qual nada ganhou. E que retoma em versão nova, transferindo o medo a um governo de Lula para o medo à posição humanitária e científica contra a criminalização do aborto como princípio. Se vencer com esses recursos, Serra não terá por que orgulhar-se da vitória. Se perder, fica sob o risco de ser-lhe atribuído um papelão idêntico ao da campanha do "eu tenho medo".
Dilma Rousseff mantém mais recato, mas não fugiu ao retrocesso. Sua candidatura nasceu à maneira da Velha República, escolha fechada e impositiva, patrocínio escancarado do presidente. Jamais escondeu, até sentir-se oprimida por católicos e evangélicos, seu apoio à descriminalização do aborto. A "mensagem aos cristãos" que lançou anteontem, por mais cuidadosa que seja em driblar uma inversão de posições, é uma concessão evidente contra as suas convicções. Com fins meramente eleitorais, culminância da vida de praticante cristã agora invocada quase a cada fala sua. O que também é, nos dois casos, uma forma do fisiologismo que envenena a política.
Seria uma desgraça termos superado a ameaça de Collor, cinco anos depois da democratização, para jogarmos no passado o que foi percorrido nos 25 anos de pós-ditadura. É o que está acontecendo sob nossos olhos indiferentes, no entanto.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ultrapassando o Cabo da Boa Esperança

Vou fazer, no dia das crianças, 12 de outubro, 60 anos. Materialista, não acredito em Deus, mas acredito muito nas minhocas e vermes que irão comer meus restos em putrefação. O homem caminha sempre nesta direção, esta, a verdade verdadeira no sentido kantiano. A vida, a rigor, é uma sala de espera da morte. E enquanto se espera, brinca-se, trabalha-se, estuda-se, entra-se no Facebook, faz-se blogs, vai-se ao cinema. Segundo o grande cineasta sueco Ingmar Bergman, para se escapar da miséria da existência somente existem dois caminhos: a arte e o amor (mas este é complicado como mostrou, em seus filmes, várias vezes). Como disse Max Von Sydow, em A paixão de Ana (En passion, 1970), "vivo apenas por formalidade"

sábado, 9 de outubro de 2010

Inácio Aráujo, sempre lúcido e coerente, e o segundo "Tropa de Elite"


Ao sair da sessão de "Tropa de Elite 2" não pude evitar de pensar em alguns filmes.
O caminho escolhido pelos autores, desta vez, me pareceu próximo ao dos grandes filmes político-policiais italianos, como Elio Petri e Damiano Damiani, sobretudo, fizeram.
No policial italiano, quanto mais um crime é investigado, mais se sobe na hierarquia, mais se adensa o mistério: topa-se, no fim da linha, com a Máfia.
No novo "Tropa", o agora tenente-coronel Nascimento é elevado à categoria de subsecretário da Segurança Pública.
De certa forma, é encostado num gabinete.
Só que estamos falando, ainda, do velho Nascimento. De maneira que ele, dali, consegue mexer seus pauzinhos para controlar o tráfico.
O problema é que aí já não se trata mais com os renegados de Canudos, da Revolta da Vacina, com os pretinhos, pardos e mulatinhos que o Bope costumava arrebentar sem dó.
Não se trata mais dessa imensa população que o Brasil culto não entende, não quer entender e tem raiva de quem entende.
(Daí Euclydes da Cunha ser, a rigor, tão pouco lido e uma das frases mais desinteressantes do livro inteiro ter se tornado lugar-comum).
Agora são os que ou passaram daquela faixa para outra, tornando-se policiais, ou mesmo os beneficiários da corrupção endêmica no país.
Ou seja, isso que o coronel chama de "o sistema".
A polícia, corrupta, transforma-se nas Milícias e garante "a paz" nas favelas ao mesmo tempo em que pratica a extorsão livremente.
A mídia (representada por um programa de TV tipo Datena) adora isso e fatura em cima. O governador, que quer se reeleger, acha ótimo.
E assim vamos.
Mas Nascimento se mantém intacto e puro.
A pureza contra a política?
Bem, aí entra o outro filme que me veio à cabeça: "Arquitetura da Destruição".
Esse magnífico ensaio sustenta que Hitler não aspirava senão a criar um mundo de beleza, livre de impurezas como retardados mentais, ciganos e, claro, judeus.
Acho que isso pode ser um paradigma: o caminho do excesso, no caso, não leva à sabedoria, como dizia William Blake.
Leva ao desatino.
Então, penso, todo esse excessivo combate à instituição política que vemos em "Tropa" leva a quê?
Terror em Paulínia
Não sei dizer, com franqueza, se o que me assusta é o filme ou uma parte da população brasileira.
Essa parte que, na sessão em Paulínia, aplaudia em cena aberta no momento de um brutal espancamento.
Talvez o filme esteja certo e nossa política seja mesmo uma porcaria.
Mas eu me pergunto se vivemos num país de imaculada pureza dominado por um núcleo de desviantes corruptos ou coisa parecida.
O Congresso Nacional, por onde o filme passeia a horas tantas, não seria então representativo do que é o Brasil, do que somos nós?
Somos todos bons e os políticos são ruins? É isso, então? A idéia é consoladora, é verdade, mas é uma pena que não seja muito realista.
O filme sustenta, talvez com razão, que levará muitos anos para solucionarmos problemas como a corrupção, porque não é corrupção de uma pessoa, mas de um "o sistema".
O que é "o sistema"?
A idéia de impunidade está vinculada a ele, claro.
O cara que tem a arma na mão pode fazer o que quiser.
Ele é o começo e o fim das coisas.
Na verdade, não existe nenhuma diferença ontológica entre o Bope e os tiras corruptos das Milícias.
São duas faces da mesmíssima moeda. Ambos dispõem de um poder absoluto.
(Os políticos ficam, quase naturalmente, por trás de ambos, se equilibrando: o negócio deles são os votos.)
O fato de o Bope representar "o bem", "a pureza", não altera nada. Nunca se ouviu dizer que Stalin era desonesto (e tal seria: se dissesse alguma coisa, era eliminado no ato), mas fez o que fez e a coisa deu no que deu.
Nascimento é direito? Puro e duro? E daí? E se, com as armas e a corporação que tem na mão, ele não for direito?
Quem diz que o Bope é essa ilha de perfeição e pureza que o filme sustenta ser?
Isso não será apenas uma outra ficção?
Pela "Tropa"
Isso pode parecer que estou contra o filme, o que não é bem verdade.
Filmes como ele me parecem necessários por vários motivos, inclusive por olhar coisas que o filme brasileiro não costuma olhar, por um ângulo que costuma evitar.
Com isso, e com a ambiguidade que caracteriza, de maneiras diferentes, os dois filmes, algumas questões podem ser colocadas.
A primeira, mais urgente, é a da herança da tortura, ou seja do desmando do aparelho repressivo durante a ditadura.
O Brasil paga caro por isso em matéria moral.
Todo mundo fica em cima do cara que rouba umas galinhas, como se fosse o fim do mundo. Tudo bem. Não é certo.
Mas a carnificina que houve por aqui, a tortura, tudo isso é como se não tivesse existido.
Enquanto o Brasil não acertar contas com essa história (a Argentina fez, até o Chile fez) acho difícil derrotar "o sistema".
Enquanto não acertar as contas com Canudos, não compreenderá a si mesmo e os seus.
Fundamentalismo 
Só para terminar: o culto ao Bope e ao capitão Nascimento pode servir muito bem para catarse.
Mas não resolve nossos problemas.
Acho que foi o Simão, que vê tudo antes, quem falou que já estamos numa república em que os dirigentes são civis, mas obedecem aos religiosos.
Então,vamos parar de falar mal do Irã, de Israel.
A gente está igual.
Essa história em torno de aborto é  vergonhosa. Até Portugal, que é aquela coisa atrasada, já aceita. Até a Itália, com o Papa plantado lá dentro.
Só o Brasil... Bem, a catolicidade não se incomoda com a carnificina anual de mulheres (pobres, naturalmente) que fazem aborto e morrem ou sofrem problemas seríssimos.
A catolicidade (e acho que uma parte dos evangélicos também) se incomodam com os fetos, com os "puros" (com aqueles que certos padres e bispois tentarão transar, dali a uns anos, poderiam acrescentar).
Não acredito, francamente, que Dilma Rousseff deixou de ganhar no primeiro turno por conta disso. Mas o fato de estar no debate, como está, beira o assombroso.
Para resumir: há muitas coisas que, querendo ou não, "Tropa 2" tem a nos dizer. Não sei se o público quererá escutar.
Por Inácio Araujo às 13h36

Fumar ou não fumar

DRAUZIO VARELLA 

Dependência de nicotina

Para experimentar o prazer do principiante, o cérebro passa a exigir doses cada vez mais altas de nicotina



NICOTINA é uma droga que anda com péssimas companhias. Pouco contribui para as doenças causadas pelo cigarro; deixa o serviço sujo por conta das centenas de substâncias tóxicas resultantes da queima do fumo, inaladas ao mesmo tempo.
É ela, entretanto, a responsável pela dependência química que escraviza o usuário. Não existisse nicotina nas folhas de fumo, o cigarro daria tanta satisfação quanto fumar um pé de alface.
Na coluna de hoje, leitor, vou explicar porque 80% dos que tentam livrar-se dessa droga fracassam já no primeiro mês de abstinência e porque míseros 3% permanecem abstinentes depois de um ano.
O cigarro é um dispositivo projetado para administrar partículas de nicotina dispersas na fumaça. Absorvida nos alvéolos pulmonares, a droga cai na circulação e chega ao cérebro em velocidade vertiginosa: seis a dez segundos.
Sabe Deus por que capricho, os neurônios de algumas áreas cerebrais possuem pequenas antenas (receptores) às quais a nicotina se liga. A ligação com os receptores abre canais na membrana desses neurônios, através dos quais transitarão diversos neurotransmissores, substâncias que interferem com a intensidade dos estímulos que trafegam de um neurônio para outro.
Um deles é a dopamina, mediador associado às sensações de prazer e à compulsão que nos faz repetir as experiências que as proporcionaram, sejam sexuais, sejam gustativas ou sejam induzidas artificialmente por drogas psicoativas como cocaína ou maconha.
A nicotina induz prazer e reduz o estresse e a ansiedade. O intervalo entre as tragadas é ajustado na medida exata para controlar a excitação e o humor. Fumar melhora a concentração, a prontidão das reações e a performance de algumas tarefas. A simples manipulação do maço, o gosto, o cheiro e a passagem da fumaça pela garganta são suficientes para trazer bem-estar ao dependente.
A razão mais importante para esses benefícios é o simples alívio dos sintomas da síndrome de abstinência. Das drogas conhecidas, nenhuma causa abstinência mais avassaladora: irritabilidade, agitação, mau humor, ansiedade crescente e anedonia, a incapacidade de sentir prazer.
A exposição repetida dos neurônios à nicotina dispara o mecanismo de tolerância ou neuroadaptação, por meio do qual o número de receptores aumenta em suas membranas. Como consequência, para experimentar o mesmo prazer do principiante, o cérebro passa a exigir doses cada vez mais altas da droga. Negar-se a fornecê-las é cair no inferno.
A repetição diária de crises de abstinência alternadas com a felicidade de ficar livre delas leva o cérebro a associar os efeitos agradáveis da nicotina com certos ambientes, situações e momentos específicos. Esse conjunto de fatores é responsável pelo condicionamento que obriga a acender mecanicamente um cigarro antes mesmo da necessidade consciente de fazê-lo.
Estados de humor desagradáveis, ansiedade e irritação de qualquer origem são lidos pelo cérebro como falta de nicotina e urgência para fumar um cigarro.
Estudos realizados com irmãos gêmeos mostram elevado grau de predisposição genética envolvido na aquisição da dependência, nas características dos sintomas de abstinência e até no número de cigarros fumados por dia.
O comportamento das mulheres fumantes é mais influenciado pelo condicionamento e pelos estados de humor negativos; o dos homens, mais pelos estímulos farmacológicos da droga. Os homens regulam as doses de nicotina inaladas com mais precisão e conseguem parar de fumar com menos sofrimento.
Primariamente, a nicotina é metabolizada por uma enzima do fígado (CYP2A6). Pessoas nas quais essa enzima apresenta atividade reduzida mantém a droga mais tempo em circulação e tendem a fumar menos. Metabolizadores rápidos precisam fumar mais, apresentam sintomas de abstinência mais intensos e encontram maior dificuldade para largar do cigarro.
Droga maldita. Não conduz a nenhum nirvana, não desperta fantasias psicodélicas nem traz sensação de felicidade plena. O que faz o fumante cair nas garras do fornecedor é o condicionamento associado à sucessão dos sintomas de abstinência aplacados imediatamente pelo cigarro seguinte. Fumar se torna condição sine qua non para sobreviver com dignidade.



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Fala Hélio Fernandes!


As “transformações” do segundo turno. Serra: “Não sou homem de duas caras”. Lula: “Abusamos do salto alto, mudaremos”. Dilma: “A Marina capturou votos meus”. Tudo para mistificar o cidadão-contribuinte-eleitor.

Helio Fernandes
A tecnologia avança em tal velocidade, as descobertas em todos os campos são tão assombrosas, que quase sempre a coerência consiste em mudar e não em ficar.
De 1460, quando Guttemberg inventou os tipos móveis que permitiram os primeiros órgãos impressos, a começar pela Bíblia, até hoje, o progresso foi espantoso. E neste momento, uma verdadeira revolução, quando um cientista ganha o Nobel por ter descoberto uma forma de CARBONO 100 VEZES MAIS FORTE DO QUE O AÇO. E que terá influência nos mais diversos setores,PRODUZINDO E PROVOCANDO PROGRESSO E PROSPERIDADE.
(Isso sim é mudança, embora 3 bilhões de habitantes da Terra permanecerão na mais inacreditável das misérias, sem habitação, sem educação, sem saúde, transporte e segurança. E não irão melhorar em coisa alguma, os donos do Poder ou aspirantes a ele, nem sabem ou admitem que esses 3 bilhões HABITEM E OCUPEM O MESMO PLANETA QUE ELES. Continuarão miseráveis, estrangulados e assassinados, (é de assassinato hediondo que estamos falando) pelo SISTEMA FINANCEIRO, a parte MAIS PODRE, INSENSATA E DESTRUIDORA DA ECONOMIA).
Esse início, obrigatório como meditação e reflexão sobre o que é transformação construtiva e positiva, e a “mudança” mistificadora e negativa, puramente episódica, circunstancial e aproveitadora. É o caso lancinante e surpreendente sobre o ABORTO.
Ninguém nega que é questão polêmica, principalmente pelas motivações religiosas, pessoais e até políticas. Tão importante que nos EUA, no preenchimento do cargo de juízes da Suprema Corte, (aqui, ministros), se examina a posição do juiz (antes de ser nomeado) em relação ao aborto. Pois o objetivo é manter o equilíbrio numa possível mas não imaginada votação. Pois ninguém muda de uma hora para outra, deixa de ser CONTRA ou a FAVOR do aborto.
Respeitem-se posições, mas não a transposição para COOPTAR VOTOS. É o caso de Dona Dilma. Era ABERTAMENTE A FAVOR DO ABORTO, 48 horas depois daDECEPÇÃO DA NÃO VITÓRIA, vai à televisão, nega tudo o que defendia, proclamando: “Sempre fui contra o ABORTO, a FAVOR DA VIDA. Tudo o que eu fiz foi porque acima de tudo ACREDITO NA VIDA”.
Poderia ter sido mais cautelosa, usando bom senso, examinando a questão em profundidade, não podia ter NEGADO A SI MESMA DESSA MANEIRA, embora não tenha feito outra coisa a não ser se contradizer nas mais diversas oportunidades.
O cidadão-contribuinte-eleitor ficou num dilema INCOMPREENSÍVEL eINTRANSFERÍVEL: acredita na Dilma violentamente a FAVOR DO ABORTO? OuMUDA com ela e NÃO ADMITE O ABORTO?
Essa contradição faz parte de toda a existência de Dona Dilma. A sorte dela é que enfrenta o farsante e mistificador José Serra, aproveitador e carreirista que não acredita PERMANENTEMENTE em coisa alguma, tudo o que faz, o queDEFENDE ou ATACA é com objetivo de se promover e SE BENEFICIAR. Sobre o aborto, irá se definir? Naturalmente CONTRA. Essa agora, é questão FECHADApara a conquista de votos.
No discurso da “VITÓRIA CONSAGRAÇÃO, AGRADECIMENTO AO POVO QUE ME TROUXE ATÉ AQUI”, Ha!Ha!Ha! Serra retumbou explicitamente: “Não sou homem de duas caras”. Não é mesmo, à vista, 5 ou 6 delas. Política, econômica, financeira ou eleitoralmente. Então, do ponto de vista doINTERESSE NACIONAL, foi o grande apoio para o ENTREGUISMO, a DOAÇÃO e a GLOBALIZAÇÃO do governo FHV.
Desse governo participou por 8 anos, excluído o tempo em que se desincompatibilizava. Pertenceu ao governo FHC do princípio ao fim, ninguém era tão poderoso quanto ele. Mas não PROTESTOU contra as PRIVATIZAÇÕES do nosso patrimônio. Nem fingiu alguma contrariedade ou resistência, concordava inteiramente com a atuação de FHC.
E não é só isso. Muda em todos os pontos, até na questão pessoal. No dia 3 à noite, abraçava Geraldo Alckmin, e dizia: “Este é meu amigo fiel e lealíssimo, ajudou muito a minha vitória”. Esqueceu inteiramente que ficou CONTRA ESSE AMIGO LEALÍSSIMO, que queria legenda para disputar a Prefeitura, SerraAPOIOU KASSAB , que era de outro partido.
Quer dizer: Alckmin pode até ser LEALÍSSIMO, não estou aqui para desmentir tão nobre e majestosa personagem. E o próprio Serra, merecerá a mesma identificação encontrada em Alckmin? Ou serão os dois apenas s-u-b-s-e-r-v-i-e-n-t-e-s, ambiciosos e unicamente carreiristas?
Basta ver esse exemplo: na Constituinte, Serra defendeu ardorosamente o FIM DO CARGO DE VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Depois, se aproveitou doSUPLENTE, que é muito pior do que o vice.
O empresário de São Paulo, milionaríssimo, que financiou sua campanha ao Senado, ficou com o mandato quase todo. Uma das reformas políticas importantes, é o fim desse suplente. (No presidencialismo dos EUA, não existe suplente de senador, é facílimo resolver o problema).
***
PS – O carreirismo de Serra é único e redundante em toda a História do Brasil. Cinco vezes tentou ser Ministro da Fazenda. A primeira foi com Sarney, quando Dornelles deixou o Ministério.
PS2 – Comunicado da pretensão de Serra, Sarney foi direto e taxativo: “Não terei Serra como Ministro da Fazenda, DE MANEIRA ALGUMA”. Vetado por Sarney, como explicará o fato ao Brasil?
PS3 – Quando houve o impeachment de Collor, Itamar Franco ficou comoINTERINO, enquanto forças políticas que apoiariam seu governo, organizavam o ministério. Itamar só tinha uma reivindicação, que manifestou: “Quero o Serra Ministro da Fazenda”.
PS4 – Mas essas forças VETARAM SERRA, e disseram a Itamar: “Não concordamos com Serra de maneira alguma”. É o caso inédito de um ministroINDICADO por um presidente, não nomeado, por recusa das forças que apoiavam Itamar.
PS5 – Por hoje, uma observação que nem os dois candidatos fizeram . Estão absorvidos em conquistar uma parte dos 20 milhões de votos de Dona Marina e do PV.
PS6 – Consideram que os votos obtidos no dia 3, estão garantidos. Se estiverem, vantagem para Dona Dilma. Só PRECISA DE MAIS 4 MILHÕES, Serra precisa de 17 milhões.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Que destino terão os 20 milhões de votos de Marina Silva?


Serra e Dilma, PSDB e PT, à procura do tempo perdido, ou seja, dos 20 milhões de votos. De Marina, do PV, dos dois ou de ninguém? Dilma precisa de 4 milhões, Serra, 17 milhões. Têm que rezar 25 dias. Em que tom ou fé?

Na verdade, estão todos tentando adivinhar. Não assumiram compromissos no primeiro turno, procuravam fugir uns dos outros e do debate,consideram que agora não podem repetir o fiasco, o fracasso, a campanha ingrata, exausta, inútil, inócua, sem uma afirmação.
Mas como não tem convicções, querem apenas “assaltar” os 20 milhões de votos que ficaram vagando, não pelo ar, mas pelas ruas, pelas televisões, pela internet, sem rumo, sem destino e sem identificação. Aí se atrapalham inteiramente.
Defender idéias, programas, projetos, lutar por tudo o que representaram durante uma vida inteira, é muito mais fácil do que representar o vazio, o nada, o inexistente, pelo menos nas suas vidas. Nisso, Serra e Dilma são rigorosamente iguais. Constatado o fato, por eles mesmos e os “coordenadores” todo-poderosos, ficam perplexos, não sabem o que defender ou o que negar.
Nenhum dos grandes partidos ou dos seus dois candidatos, tem convicções inabaláveis ou compreensíveis, vão se dizer “defensores” de posições que sempre condenaram. A busca ou a procura não é apenas pelos 20 milhões de votos de Dona Marina, mas também por aquilo que “agrada ou desagrada” ao cidadão-contribuinte-eleitor.
Vejam só: Dona Dilma, que pessoal e intransigentemente DEFENDIA O ABORTO, agora com a mesma “segurança”, acha “o aborto repulsivo, desprezível e deve ser considerado crime”. O eleitor vai acreditar na primeiraCONVICÇÃO ou na segunda?
Quem não acredita em nada, e isto serve para os dois, não convence ninguém quando AFIRMA ou quando NEGA.
Acomodação é uma empulhação, tanto quando procuram silenciar ou quando fazem força para gritar bem alto. Muitas vezes o silêncio é mais ouvido, (acreditam os candidatos) do que a gritaria. Mas verdadeiramente, uma parte importante do eleitorado só ouve o que quer. Outra parte já levou tudo colado e repetido. Hoje, incertos mesmo os votos do PV e de Dona Marina.
Os votos cobiçados são os de Dona Marina, vá lá, e do PV, mas nem Serra nem Dilma, nem o PSDB ou o PT, sabem como conversar. Diálogo de partido para partido não existe, nem tem programa, projeto, compromisso de governo, “plataforma”, como se dizia até 1930, na Primeira República, que já NASCEU eMORREU com 41 anos, como República Velha.
PSDB e PT, têm medo de oferecem muito a Dona Marina, e ela aí exigir demais. Ou então sugerirem de menos, e serem superados pelo adversário. É um leilão. Dona Marina, se compreender ou compreendesse a IMPORTÂNCIA DE SUA PARTICIPAÇÃO, poderia sem qualquer dúvida dar à campanha um formato inteiramente diferente do que vigorou no primeiro turno.
Mas nem o PT nem Dona Marina têm formação desenvolvimentista, não sabem ou não entendem o que devem colocar como pontos EXIGÍVEIS, INVIOLÁVEIS, INEGOCIÁVEIS. Só que eles são apenas VERDES, importante mas não definitivo. Como as “uvas”, o PV pode estar tão verde, que ainda seria muito cedo para saboreá-lo.
Os entendimentos entre Marina-Serra, Marina-Dilma, PSDB-PV, PT-PV, são tão vagos, fluidos, inexistentes, que nem começaram. OS partidos estão procurando encontrar porta-vozes que possam se entender na tentativa de conquistar esses 20 milhões de votos.
Mas estão caminhando na contramão da realidade e da importância. O PSDB está indo para FHC. Pessoalmente, é pouco, como ex-presidente é muito. Não tem cacife para negociar, concordar e fazer cumprir. O negociador do PSDB deveria ser Aécio Neves. Tudo que FHC não é, simpático, agradável, vencedor, podendo manter com Dona Marina conversa altamente interessante e se comprometendo a cumprir.
E mais: enquanto FHC é passado detestável e desprezível, Aécio é o futuro. E quem sabe, radioso e realizador? O PT também escolheu mal, ou se encaminha para o desastre da conversação. Os irmãos Vianna, se forem confirmados, têm uma única e “proverbial” origem: a territorial, são do Acre. Dona Marina é de lá, mas totalmente derrotada. Dos irmãos, Jorge, que já foi governador e agora é senador, boa gente, mas muito longe dos acontecimentos.
Tião, medíocre, carreirista, vingativo, quase não se elegia governador, os dois senadores (um deles o irmão) tiveram mais votos. Vingativo (como eu disse), queria ser presidente do Senado, não foi escolhido. Então, explodiu o PT e o ministro Palocci, revelando INACREDITAVELMENTE, informação que recebera de uma grande jornalista. Recebeu e garantiu que não revelaria nada, 15 minutos depois já MOSTRARA TUDO, desrespeitando o compromisso. Como Dona Marina e o PV, irão acreditar nele?
O negociador (a palavra é interlocutor, mas não gosto) do PT, deveria ser o presidente Lula. Podem fazer restrições, dizer, “mas ele é o presidente”. Ora, conversar com uma adversária para fortalecer a correligionária, é apenas 1 por cento do que ele vem fazendo.
Escolheu a candidata-poste, colocou-a na chapa, na urna e mostrou-a ao povo, percorreu o país inteiro com ela, agora não pode mais pedir a Dona Marina que transfira uma parte dos votos? Se vai conseguir, isso é outra história.
Quando Obama disse “Lula é o CARA”, podia estar brincando, ironizando, bajulando, Mas nesse momento INESQUECÍVEL para Dona Dilma e Dona Marina (embora não seja para o PT), Lula é que tem que ir procurar a candidata do PV, e dizer: “Marina, morena, preciso de você”. Lula é o Dorival Caymmi do PV.
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PS – Em suma, não há suma. O medo é que os votos sumam, não sejam acrescentados aos de Dona Dilma e do ex-governador José Serra no segundo turno.
PS2 – De qualquer maneira, Serra jamais será presidente, Dilma jamais saberá governar. Que República.
HÉLIO FERNANDES NO SITE DA TRIBUNA DA IMPRENSA (06.10.2010)