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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Violência no Rio de Janeiro


JANIO DE FREITAS

Rio, Brasil


Pelo visto, cada vez mais, estamos destinados a aceitar a solução mortífera para obter a mínima segurança



JÁ FIZERAM com os passageiros de ônibus, há pouco tempo, agora repetem com os de uma van: jogam a gasolina e tocam fogo sem esperar que os passageiros desçam. Desta vez, quatro não conseguiram sair antes de sofrer consequências do incêndio. É possível entender esse grau de perversidade?
Doze mortos. Um horror, como um confronto em qualquer frente de combate militar, mas ocorrido na região da velha e tão cantada Penha.
Já ontem mesmo, "especialistas" -como agora se diz à vontade na imprensa- criticaram a violência mortífera da polícia. Têm razão quanto à violência e à adjetivação, mas se calaram antes de dar resposta a uma pergunta. Denúncias levaram à busca de alguns dos incendiários, que receberam a polícia a bala e se deu o longo combate. Como deveriam ser buscados?
Os bandos de criminosos armados já ultrapassaram há muito tempo as condutas da marginalidade voltada para o assalto, o roubo, o latrocínio, a fuga ao cerco ocasional.
E, sem rapapés, a verdade simples é que os bandos do crime bem armado já não deixam margem alguma para serem enfrentados com padrões menos bárbaros do que os seus próprios.
A urbanização de favelas, a melhoria de suas casas, as Unidades de Polícia Pacificadora, tudo isso é humanamente necessário, está bem feito onde foi feito e não deve parar. Mas, no seu aspecto de correção e prevenção de tendências a condutas marginais, começou muito tarde. A dimensão quantitativa e de criminalidade a que os bandos armados chegaram não permite, a esta altura, a espera pelos resultados do trabalho de reparação nas áreas contaminadas.
Será penoso, mas, sem ter pensado em tempo na reação aos governantes que fizeram de nossas cidades o que elas são, pelo visto estamos destinados a ir aceitando, cada vez mais, até que já nos seja indiferente, a solução mortífera como solução para nossa mínima segurança.

O ALVO
A notícia, de dias atrás, da exigência de autonomia que Henrique Meirelles faria, não foi a causa de seu já confirmado afastamento do Banco Central, no governo de Dilma Rousseff. A versão podia fazer algum sentido, mas em nenhum momento a continuidade de Meirelles esteve nos planos para o novo governo.
Quando, pouco depois da eleição, foi informado que os ocupantes de cargos altos já por oito anos não continuariam (Lula: "oito anos já é um bom tempo"), tratava-se de produzir uma via suave para a substituição de Henrique Meirelles.
O desagrado com a tal exigência de autonomia pode ter causado efeito, isto sim, sobre as hipóteses a lhe serem oferecidas.

SEM FALTA
Com a onda do crime no Rio, na certa virão daqui a pouco, de organizadores da Copa e da Olimpíada, exigências de mais centenas de milhões para a segurança.
Também em pretextos nada se perde, nada se cria.

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